paula, abri o armário e vi teu isqueiro colorido feio pra cacete; parece que eu ainda sinto teu gosto de cigarro com pasta de dente, e o cheiro da tua pele: cigarro com creme de morango; era cigarro pra todo canto. tanto tempo e infelizmente esse teu rosto cansativo ainda não se tornou estranho. sinto falta das madrugadas de macarrão salgado, pés gelados e sexo apressado. tens razão, paula, ainda estás em algumas beiras da minha vida e quando a solidão pesa, penso em me afundar nas tuas águas poluídas. mas por mais que o peito às vezes aperte, paula, estas lembranças não significam amor, são o rastro de merda que ninguém juntou.
com carinho,